ANAÍSA CATUCCI
Colaboração para a Folha Online
No ano em que Ruth Rocha comemora 40 anos de produção de literatura infantil, a Flipinha --versão da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) voltada ao público infantil e a profissionais da área de educação-- faz uma homenagem para a autora. Além da decoração especial feita por alunos das escolas de Paraty, com criações artísticas e referenciais embasados nas personagens e mundos criados pela escritora, Rocha participou de uma conversa com Bia Hetzel, na tarde deste sábado (4).
A cobertura da 7ª Festa Literária Internacional de Paraty
Após o bate-papo que reuniu pais, crianças e educadores e da sessão de autógrafos, Rocha falou à Folha Online sobre o evento. Leia íntegra da entrevista.
Folha Online - Como é ser homenageada por uma festa literária, em uma tenda voltada para projeto com crianças?
Ruth Rocha - Ser homenageada é sempre ótimo, fiquei muito contente e fiquei impressionada com as as crianças prestando atenção enquanto conversávamos na mesa de debate. Engraçado, porque eu achei que nossa conversa seria algo sério e as crianças ficaram prestando atenção, isso que achei uma coisa fantástica, gostei muito.
Divulgação |
Ruth Rocha comemora 40 anos de carreira em 2009 |
Folha Online - Como é escrever para criança?
Rocha - Escrever é sempre difícil, tenho uma frase que sempre digo que é: "fácil ou impossível". Porque quem escreve acha razoavelmente possível, quem não escreve acha dificílimo. Por exemplo, para adulto eu não sei escrever, acho muito difícil. Para criança tenho certa facilidade, como uma bússola que sei para onde ir. Sei o que quero fazer, sei o que está ruim e é isso que considero que seja facilidade, é saber quando não está bom.
Folha Online - O que devemos ensinar para as crianças?
Rocha - Devemos ensinar respeito, disciplina, verdade, justiça, dar carinho, amor, compreensão. Dar dedicação a uma vida, cuidando da saúde, da felicidade, da acomodação e da alegria. Educar é tentar fazer uma pessoa feliz. Para ser feliz precisa ter disciplina, respeito pelos outros para ser respeitado, acreditar na verdade, receber e acreditar na justiça. A educação acaba sendo uma luta pela civilização, civilizar a criança. É isso que tento colocar nos meus livros.
Folha Online - A senhora tem a preocupação de educar as crianças por meio dos livros?
Rocha - Acho que quando você escreve literariamente, escreve com aquilo que tem sedimentado dentro de você. Não está presente na hora como a criança vai ler e aproveitar, não é isso. Quando escrevo, sai aquilo que penso, sinto, o que sou. Por meio disso, o livro herda todas as características, as qualidades e os defeitos que tenho. Embora não tenha essa preocupação em educar, eu me considero uma educadora, pois sou uma pessoa que vivi muitos anos na educação e sei que minha personalidade acaba sendo civilizadora, mais do que educadora.
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